quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Linguagem como característica humana e como elemento unificador da cultura e da sociedade

Linguagem, o berço da comunicação

         Ninguém nasce falando, a aprendizagem é um processo e, inicia-se no ventre materno, quando ainda em desenvolvimento já começa a ouvir. Nasce ouvindo, tudo ainda de uma forma obscura. A criança nasce e encontra tudo pronto, e o significado das palavras e das coisas, basta aprender com ajuda dos adultos.
O meio social é de uma grande influencia para o desenvolvimento da linguagem, principalmente nesses primeiros anos da infância, experiências e interações com os pais, os membros da família e outros adultos. A criança ao dispor da colaboração de adultos e de crianças mais experientes, num espaço de interação e de interlocução, pode participar das atividades partilhadas, apresentarem comportamentos e habilidades que não seria capaz de manifestar sozinha, sem o auxílio do outro.
A própria mãe, mesmo sabendo das limitações de seu filho para entender a sua linguagem, a mesma continua falando, apresentando um mundo de coisas e novidades, dando nomes e significados, como se houvessem participação ativa do filho bebê. Ou melhor, participa sim! Mas, através de gestos como o choro, por exemplo, a mãe responde imediatamente porque sabe interpretá-la. A criança ainda não interpreta, não entende mas, porem é de grande relevância, esta comunicação mesmo não sendo recíproca, pois é ai que vem o desenvolvimento de seus pensamentos e de sua linguagem de acordo com a sua cultura.
         A criança cresce de acordo com o que aprende através daquilo que está a sua volta. Se a criança é apenas colocada em um canto, onde o silencio faz companhia, total ausência de comunicação, cresce uma criança raquítica sem linguagem, sem expressão, sem alegria, sem estimulo pela vida, não vive, apenas passa por ela.
         Segundo Vigotsky a criança não nasce em um mundo "natural". Ela nasce em um mundo humano. Começa sua vida em meio a objetos e fenômenos criados pelas gerações que a precederam e vai se apropriando deles conforme se relaciona socialmente e participa das atividades e práticas culturais. Não podemos pensar que a criança vai se desenvolver com o tempo, pois esta não tem, por si só, instrumentos para percorrer sozinho o caminho do desenvolvimento, que dependerá das suas aprendizagens mediante as experiências a que foi exposta.
A vida em sociedade, sem linguagem, o ser humano não é social, nem histórico, nem cultural. Ou seja, a criança é de acordo com a sua cultura. Exemplifico aqui; uma criança indígena, aos nossos olhos, que pertencemos a uma outra cultura, é uma criança pacata, sem instrução, sem educação. Mas, para sua cultura é esperta, inteligente, aprende tudo que ensina. Aprendeu de acordo com o seu mundo, sua cultura, seu povo. E com certeza aos olhos deles a civilização está lá. Pois a cultura é transformada de acordo com o seu trabalho. Portanto o homem independente da raça, cor e cultura, tende por se só fluir a transformação no meio em que vive através de algo produzido por ele. Tendo as características dele. O homem desenvolve-se a partir do avanço de sua cultura, um crescimento mútuo.

Para finalizar este texto Eu gostaria de citar aqui um exemplo, tendo em vista que a atividade pede opinião sobre o papel da linguagem e das interações pessoais.
Em Moçambique, tive a oportunidade de conhecer um povo com uma cultura muito diferente da nossa. A região onde eu estava, são 67 dialetos, portanto  no inicio foi difícil comunicarmos, mas conseguimos. A comunicação foi o fator fundamental para interagirmos e envolvermos com o povo. Mas o que mais me chamou atenção foi a forma deles viverem; quando os portugueses foram expulso de Moçambique  um pais que eles colonizaram, ajudaram a construir, se foram levando consigo apenas 30 kilos. Deixaram tudo lá. Suas casas luxuosas, cristais, porcelanas e etc. Os Moçambicanos por direito receberam tudo, e foram morar nestas mansões, não conseguiram adaptar-se com este novo estilo de vida, outrora, moravam em malocas, barracos de palhas, agora em palácios, tornaram-se pessoas tristes e angustiadas. Na sua cultura eles aprenderam que um determinado buraco era o lugar de fazer churrasco. Então eles transformaram a banheira em churrasqueira, usavam o bidê para lavar as mãos e rosto, com isto as mansões iam sendo destruídas. Mas, eles não estavam felizes. Eles reuniram-se, comunicaram-se e devolveram as casas ao governo. E voltaram a viverem em seus barracos abraçando assim a sua verdadeira cultura, sua língua, seu povo, seus costumes. E com certeza estão felizes!!! Conquistaram a sua independência, através da comunicação.
A ausência da linguagem que é a característica da comunicação gera separação, divisão, e solidão. A comunicação trás a força da união e unificação.
         Vale ressaltar aqui a importância deste estudo, aprendemos que as grandes influencias psicológicas do social para o individual, gera mudança de comportamento. O homem houve e absorve colocando as em prática o que aprendeu através da comunicação, pois, a comunicação é uma espécie de função básica porque permite a interação social e, ao mesmo tempo, organiza o pensamento, que é marcado pela curiosidade da criança pelas palavras, por perguntas acerca de todas as coisas novas (“o que é isso?”) Assim a criança vai crescendo aprendendo a comunicar-se e enriquecimento cada vez mais o seu vocabulário, alem de outras conquistas.




Um comentário:

  1. Uma escorregada na hora H pode comprometer toda uma preparação.
    "O homem houve"?...

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