O primeiro
comentário diz respeito à
distinção entre educação
formal e educação informal. Há, pelo
menos, duas maneiras de entender essa distinção. De um lado, pode-se afirmar
que educação formal é aquela ministrada em instituições especialmente criadas e
organizadas com o objetivo de educar, a saber, escolas,
educação informal é aquela que se realiza através de outras
instituições, cuja finalidade precípua e principal talvez não seja a de educar,
a saber, o lar, a igreja, a empresa, centros comunitários, etc. Não resta a
menor dúvida de que pessoas educam-se, e são educadas, sem jamais freqüentar
uma escola. Neste sentido, a chamada "educação sem escolas" não só
sempre foi possível como sempre ocorreu e ainda ocorre em larga escala, e o
apelo no sentido de que a educação, hoje em dia, se torne mais informal seria
uma convocação de outras instituições (além da escola) a um maior envolvimento
com o processo educacional, muitas vezes relegado, nos dias atuais, por razões
várias, quase que exclusivamente à escola.
Acontece, porém, que a educação informal, neste sentido do termo,
freqüentemente é bastante "formal" (em um sentido um pouco diferente
do termo), ocorrendo de maneira bastante semelhante à utilizada nas escolas.
Igrejas criam "Escolas Dominicais", "Classes de Catecismo",
etc., as empresas e centros comunitários oferecem e ministram
"Cursos", etc., onde há professores, alunos, ensino, salas de aula,
em uma réplica quase perfeita do que acontece na escola propriamente dita.
Nesses casos, a aprendizagem é promovida principalmente através do ensino, o
qual, muitas vezes, assume feições altamente tradicionais. Neste sentido dos
termos, portanto, não há muito que distinga educação formal de educação
informal, além do fato de que a primeira ocorre em instituições criadas com a
finalidade quase única de educar e a segunda em instituições que têm outros
objetivos além do objetivo de educar, objetivos esses que se sobrepõem às suas
tarefas educacionais.
Passemos, pois, à segunda maneira de entender a distinção entre
educação formal e educação informal. Vimos, há alguns parágrafos, que a
educação, embora implique, necessariamente, a aprendizagem, não implica, com
igual necessidade, o ensino. Como o ensino é, segundo nossa análise, uma
atividade intencional, a
educação que se realiza através de atividades de ensino também é intencional,
seja ela realizada na escola ou em outras instituições. Acabamos de mencionar o
fato de que essas instituições não-escolares que se ocupam da educação muitas
vezes o fazem de modo a imitar o que acontece na escola. Isto nos sugere uma
outra maneira de entender a distinção em questão.
Educação formal seria aquela que se realiza através de atividades
de ensino, e que se caracteriza, portanto, por ser intencional, ou melhor
ainda, por ter a intenção de produzir a aprendizagem de conteúdos considerados
valiosos. Educação informal, do outro lado, seria aquela que se realiza
não-intencionalmente (ou, pelo menos, sem a intenção de educar), quando, em
decorrência de atividades ou processos desenvolvidos sem a intenção de produzir
a aprendizagem de algum conteúdo considerado valioso, pessoas vêm a aprender e
compreender certos conteúdos considerados valiosos -- às vezes considerados de
altíssimo valor. Essas atividades e esses processos podem ocorrer fora da
escola, em outras instituições, ou de maneira inteiramente não
institucionalizada, como também pode ocorrer dentro da própria escola. Em
decorrência do modo pelo qual uma escola é organizada e administrada, ou da
maneira pela qual professores e funcionários se comportam em relação uns aos
outros e aos alunos, pessoas podem vir a aprender e compreender conteúdos
considerados de grande valor, sem que houvesse, a qualquer momento, a intenção
de que alguém aprendesse alguma coisa em conseqüência disto (o que não quer
dizer que a forma de organização e administração da escola, ou o comportamento
de seus professores e funcionários, seja não-intencional; freqüentemente é
intencional, mas a intenção não é a de produzir a aprendizagem de conteúdos
considerados valiosos). Freqüentemente, o exemplo de um professor é mais
educacional do que os conteúdos que ele ensina, pois seus alunos podem aprender
mais conteúdos valiosos (ou conteúdos mais valiosos) em decorrência da
observação de suas atitudes e de seu comportamento do que em conseqüência de
seu ensino. E embora o professor possa se comportar de uma ou outra maneira com
a intenção de que seus alunos aprendam algo valioso em função de seu comportamento,
o professor, freqüentemente, não tem esta intenção ao se comportar como o faz
(o que, novamente, não quer dizer que seu comportamento não é intencional; pode
sê-lo, mas em função de outras intenções). Pais freqüentemente procurar educar
seus filhos, e grande parte das vezes tentam fazê-lo através do ensino (via de
regra verbal). As atitudes, o comportamento dos pais, porém, podem ensejar a
aprendizagem e compreensão de conteúdos muito valiosos, principalmente na área
da moralidade, sem que os pais tenham a intenção de que seus filhos aprendam
alguma coisa em decorrência da maneira pela qual se comportam. E assim por
diante.
A educação formal tem seu intuito de ensinar com o objetivo de educar, passar o aprender.
ResponderExcluira educação informal não tem o compromisso de educar, mais de ensinar o que deve ser passado.
bom dia ,muito boa resposta de uma maneira ou de outra ensina-se e pronto. abraços
Excluirbom dia ,muito boa resposta de uma maneira ou de outra ensina-se e pronto. abraços
ExcluirSaudações! Parabéns pelo texto esclarecedor sobre o assunto, o melhor que encontrei na net!
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