sábado, 6 de novembro de 2010

Educação do homem selvagem

Em 1797 Victor foi visto pela primeira vez. Inteiramente nu, fugia do contato com outros seres humanos na floresta de Lacaune, França. Em 9 de janeiro de 1800 apareceu num moinho em Saint-Sernein, distrito de Aveyron. Vestia Farrapos de uma camisa, tinha cicatrizes pelo corpo, aparentava cerca de 12 anos de idade, 1.36 m, pele branca, rosto redondo, olhos fundos, cabelos castanhos e nariz comprido. Sorria e era gracioso, como descreveram. Victor não falava e não entendia quando falavam com ele. Não queria usar roupas, apesar do frio, e não se acostumou com a cama. Ás vezes procurava fugir, apoiando as mãos e os pés no chão, correndo como quadrúpede. Alguns médicos acreditavam que ele tinha deficiência mental, e isso explicava a razão de os pais o terem abandonado. Porém, o médico psiquiatra Jean-Marie Gaspard Itard achava que o comportamento de Victor se dava por privação do convívio com indivíduos da sua espécie por um prolongado período de tempo, ou seja, o afastamento da civilização.

Trabalhando com o menino, Itard foi capaz de socializá-lo: fazê-lo sentar-se à mesa, pegar água suficiente para beber, buscar objetos, divertir-se com brinquedos e a iniciá-lo na alfabetização. Depois de cinco anos junto com médico, o menino podia podar plantas e até fabricar objetos. Itard escreveu um livro publicado e 1801, A educação do homem selvagem, onde apresenta todas as etapas da educação de Victor. Nele reforça a tese de que a aparente deficiência mental foi resultado do afastamento da civilização, e formula a hipótese de que parte das deficiências mentais é originários desse mesmo afastamento, concluindo que a sociabilidade é a base da vida em sociedade. Isso reforça o principal fundamento da sociologia: a dos fatos sociais. O poder coercitivo deles é o que determina o comportamento dos indivíduos. Acrescenta-se ainda o uso da palavra entre os indivíduos como o principal fator gerador de socialização. É principalmente pela palavra que se introjeta no indivíduo os códigos sociais que sobre ele terão influência para o resto de sua vida.
A história de Victor é realmente emocionante, e desafiadora. Aos olhos da sociedade Victor era simplesmente um caso perdido. Mas Itard com o coração movido pela compaixão pode lutar com perseverança pela causa de Victor e ter o privilégio de introduzir Victor na sociedade e provar a sua real transformação. Realmente o convívio com outras pessoas tem a magia de acrescentar valores. Pois o homem em sociedade se faz homem.





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