Segundo conceitos provenientes do
Ministério da Educação/ Secretaria da Educação Especial (BRASIL, 2006), é
importante evidenciar que a deficiência deve ser considerada como diferença que
faz parte da diversidade e não pode ser negada, porque “ela interfere na forma
de ser, agir e sentir das pessoas”.
Conforme a Declaração de Salamanca,
para promover uma Educação Inclusiva, os sistemas educacionais devem assumir
que “as diferenças humanas são normais e que a aprendizagem deve se adaptar às
necessidades das crianças ao invés de se adaptar a criança a assunções
preconcebidas a respeito do ritmo e da natureza do processo de aprendizagem”
(BRASIL, 1994).
Os recursos físicos, materiais e ambientais; As atitudes, Os valores, As
crenças, Os princípios; As deliberações e decisões políticas, legais,
administrativas; Os recursos técnicos e tecnológicos; Os programas e serviços
de atendimento genéricos e especializados: As pessoas, familiares, amigos,
profissionais, colegas, monitores, orientadores, professores itinerantes, de
sala de recursos, de apoio. (BRASIL, 1999 p. 54).
A participação dos gestores no processo da inclusão escolar é
imprescindível ir além de apenas admitir alunos com necessidades especiais nas
salas de aula, não é simplesmente ter banheiros adaptados, os professores têm
que está preparado e não basta um ou dois professores serem capacitados, mas
sim, toda a equipe.
Há também que ser desenvolvido um
trabalho de conscientização dos pais e das outras crianças para que haja não só
a inclusão, mas uma verdadeira relação de convivência e interação do aluno
especial na escola. O gestor deve
participar ativamente no processo de inclusão discutir a diversidade existente
no contexto escolar e na sociedade em geral, utilizando a pedagogia inclusiva
ampliando discussões e estudos visando a transformação e a conscientização dos
professores.
Incluir é compreender o outro lhe
inserindo no contexto escolar com todos os direitos iguais a todos, respeitando
as desigualdades, ao idealizarmos uma gestão que tem seus olhares para as
diversidades, estamos exercendo nossa cidadania no sentido de reconhecer que
todos tem o direito de expressar e se manifestar na sociedade onde não apenas
vivem, mas participam, devendo intervir e ser considerado como cidadão, que possui
direito de uma educação com qualidade e igualdade.
É necessário promover palestras fundamentadas com autores que acreditam
na inclusão, a fim de que haja sensibilização, mudança no pensar e agir dos
professores, proporcionando a eles desafios que os incitem a acreditar e a
lutar pela educação inclusiva, promovendo assim mudança em suas práticas
educativas. Esta mudança consequentemente irá matar o preconceito que foi algo
herdado que tem passado de geração a geração devido às diferenças que continuam
desde que o mundo é mundo; somos brancos, pretos, mulatos, alguns deficientes
físicos e outros mentais, o que importa? Somos um povo, uma geração de pessoas
diferentes, mas todos tem algo em comum, somos gente! Portanto o direito ao respeito e a dignidade precisa
está presente em cada ser.
Muitas
de nossas crianças especiais ainda estão fora da escola, vivem no anonimato,
por falta de oportunidades. Mas, ainda podemos contar com aqueles que
disponibilizam de levar um pouco de luz, para estas crianças, fazem qualquer
espaço virar escola inclusiva. Em 1979 o
filme o milagre de Annie Sullivan, a história mostra nitidamente o valor de uma
criança com surdocegueira a dedicação de Annie, as regras
sociais de uma criança onde não havia esperança de mudança. Era apenas uma
prisioneira de um mundo onde a escuridão e o silêncio dominavam todo o seu ser,
onde o significante inexistia enquanto tal, onde a precariedade das
simbolizações comprometia radicalmente a sua condição de sujeito.
O caminho que Annie tomou para conseguir fazer a menina relacionar uma
palavra soletrada em sua mão, através do tato, com o objeto em si. Esta foi uma
excelente ideia. Mesmo sabendo que não seria fácil, pois gigantes obstáculos
encontrariam pelo caminho, mas não desistiu! Mesmo sem apoio de alguém que
pudesse auxiliá-la, permaneceu firme em seu propósito. Annie dedicou e
persistiu na luta por fazer Helen abrir os olhos da alma para poder enxergar a
vida com mais clareza e poder entendê-la.
Helen consegue finalmente compreender que aqueles movimentos em sua mão,
que soletram W-A-T-E-R (água) era aquele líquido que ela tão bem conhecia, Ali
estava à chave para solucionar o problema. Finalmente Helen teve a grande
descoberta: que todas as coisas têm o nome e significado. A vida para Hellen
começou a ter sentido. Anne
Sullivan não tinha nada que demonstrasse ser capaz de provocar tamanha
mudança na vida de alguém como aconteceu com Helen.
Olhando para a sua história uma deficiente visual grave, que desde muito
cedo passou por provações terríveis. Mas foi altamente preparada pela vida para
suportar qualquer desafio. Trazia consigo apenas experiência de uma vida
sofrida, e determinação para vencer os obstáculos que viessem à frente para
impedir que os seus objetivos que eram desafiadores fossem alcançados.
O seu desejo era alfabetizar Hellen, uma garota cega e surda, mas como?
Não tinha uma sala de aula preparada com todos os equipamentos possíveis, não
tinha uma auxiliar. Estava simplesmente sozinha. Mas, por ser uma pessoa
determinada venceu tudo e todos para atingir os seus objetivos. O resultado
desse trabalho, que desafiou todos os conceitos e preconceitos da época, é que
Helen não apenas aprende a “falar”, mas, a partir daí significa e subjetiva
toda sua vida, tornando-se uma escritora.
A leitura é algo fantástico! Hellen mesmo sem enxergar, sem ouvir e sem
falar. Enxergou a luz através da leitura. E começou de fato a viver.
Infelizmente, muitas de nossas escolas não assumem o seu verdadeiro papel
de escola inclusiva, a criança apenas passa por lá, não fica. Muitas mães saem
de porta em porta em busca de uma escola que venha corresponder com as
necessidades de seu filho. Quando encontra, já fica na expectativa e tensão
acerca das futuras reuniões, e caderninhos de recados, onde reclamações e
reclamações partem de gestores, profissionais e professores despreparados para
tal função.
Tocar o coração das pessoas é algo fantástico, principalmente no que
refere a uma criança, especialmente uma criança especial, que precisa de
carinho, amor, afeto, compreensão, dedicação e respeito. Não é difícil, às vezes basta um sorriso, um
aperto de mão, um oi, ou quem sabe uma atenção maior para que ela possa
entender que tem um valor, que é importante para a sociedade, escola e
principalmente a família. Ser especial é
ser diferente, mas, porem é esta diferença que traz brilho e riqueza ao mundo e
a vida.
Hoje se fala da possibilidade de inclusão, porém com maior número de
pessoas defendendo a separação em salas especiais - ensinos contra turno
alternativos ou escolas especiais. É fundamental pensar e refletir na afirmação
de Einstein: “É mais fácil quebrar um átomo do que um preconceito”.
Há escolas que mantém apenas a primeira fase do Ensino fundamental e
outras que já iniciam apenas na segunda fase (hoje sexto ano ao nono ano) e
isto indica que passados 39 anos após a LDB a sociedade ainda não assimilou o
Ensino Fundamental como um curso integrado de 9 anos. Muita coisa mudou, não há
mais “Vestibulinho” para passar da primeira fase para a segunda, no entanto
quase tudo continua na mesma: professores com ensino médio para a primeira
fase, ensino superior para a segunda – professores polivalentes para a primeira
e especializada (matemática – português etc.) para a segunda.
Escolas que não aceitam a aceleração de superdotados em nome de uma
“possível imaturidade”, e outras políticas pedagógicas que ainda são matérias
de controvérsias e lutas de educadores, alunos e familiares.