terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Estrutura Educacional

Apesar de todo o caminho percorrido e dos avanços no sistema educacional. Infelizmente o nosso País ainda necessita de uma estruturação educacional, por exemplo: algumas regiões no Pará, Amazonas, Ceará, enfim, tantos outros Estados, existem cidadelas que está a km de distância de uma educação plausível, cujas escolas, estão vazias não de educandos, mas de bons educadores e gestores. Ainda é uma educação caracterizada pelo ato de depositar, transmitir valores e conhecimentos é chamado por Paulo Freire de “bancária”, e nesta bancária:
Bancária
·        O educador é o que educa
·        Os educandos, os que são educados.
·        O educador é o que sabe
·        Os educandos, os que não sabem.
·        O educador é o que pensa
·        Os educandos, os pensados.
·        O educador é o que diz a palavra
·        Os educandos, os que a escutam.
·        O educador é o que disciplina
·        Os educandos, os disciplinados.
·        O educador é o que opta e prescreve a sua opção
·        Os educandos, os que seguem a prescrição.
·        O educador é o que atua
·        Os educandos, os que têm a ilusão de que atuam na atuação do educador.
·        O educador escolhe o conteúdo programático
·        Os educandos jamais são ouvidos nesta escolha, acomodam-se a ele:
·        O educador identifica a autoridade do saber, com sua autoridade funcional, que se opõem antagonicamente a liberdade dos educandos;
·        Os educandos devem adaptar-se as determinações daquele.
·        O educador finalmente é o sujeito do processo.
·        Os educandos meios objetos
(FREIRE, 1970, p. 67)


Neste quadro Freire apresenta um paralelo entre o educador e o educando, compondo assim uma estrutura comparativa entre as duas realidades dentro desta perspectiva apontando os seus benefícios e resultados. 

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Qual a Participação dos Gestores no Processo da Inclusão Escolar?


  1.                 Segundo conceitos provenientes do Ministério da Educação/ Secretaria da Educação Especial (BRASIL, 2006), é importante evidenciar que a deficiência deve ser considerada como diferença que faz parte da diversidade e não pode ser negada, porque “ela interfere na forma de ser, agir e sentir das pessoas”.
               Conforme a Declaração de Salamanca, para promover uma Educação Inclusiva, os sistemas educacionais devem assumir que “as diferenças humanas são normais e que a aprendizagem deve se adaptar às necessidades das crianças ao invés de se adaptar a criança a assunções preconcebidas a respeito do ritmo e da natureza do processo de aprendizagem” (BRASIL, 1994).
    Os recursos físicos, materiais e ambientais; As atitudes, Os valores, As crenças, Os princípios; As deliberações e decisões políticas, legais, administrativas; Os recursos técnicos e tecnológicos; Os programas e serviços de atendimento genéricos e especializados: As pessoas, familiares, amigos, profissionais, colegas, monitores, orientadores, professores itinerantes, de sala de recursos, de apoio. (BRASIL, 1999 p. 54).
    A participação dos gestores no processo da inclusão escolar é imprescindível ir além de apenas admitir alunos com necessidades especiais nas salas de aula, não é simplesmente ter banheiros adaptados, os professores têm que está preparado e não basta um ou dois professores serem capacitados, mas sim, toda a equipe.
     Há também que ser desenvolvido um trabalho de conscientização dos pais e das outras crianças para que haja não só a inclusão, mas uma verdadeira relação de convivência e interação do aluno especial na escola.  O gestor deve participar ativamente no processo de inclusão discutir a diversidade existente no contexto escolar e na sociedade em geral, utilizando a pedagogia inclusiva ampliando discussões e estudos visando a transformação e a conscientização dos professores.
                 Incluir é compreender o outro lhe inserindo no contexto escolar com todos os direitos iguais a todos, respeitando as desigualdades, ao idealizarmos uma gestão que tem seus olhares para as diversidades, estamos exercendo nossa cidadania no sentido de reconhecer que todos tem o direito de expressar e se manifestar na sociedade onde não apenas vivem, mas participam, devendo intervir e ser considerado como cidadão, que possui direito de uma educação com qualidade e igualdade.
    É necessário promover palestras fundamentadas com autores que acreditam na inclusão, a fim de que haja sensibilização, mudança no pensar e agir dos professores, proporcionando a eles desafios que os incitem a acreditar e a lutar pela educação inclusiva, promovendo assim mudança em suas práticas educativas. Esta mudança consequentemente irá matar o preconceito que foi algo herdado que tem passado de geração a geração devido às diferenças que continuam desde que o mundo é mundo; somos brancos, pretos, mulatos, alguns deficientes físicos e outros mentais, o que importa? Somos um povo, uma geração de pessoas diferentes, mas todos tem algo em comum, somos gente!  Portanto o direito ao respeito e a dignidade precisa está presente em cada ser. 
    Muitas de nossas crianças especiais ainda estão fora da escola, vivem no anonimato, por falta de oportunidades. Mas, ainda podemos contar com aqueles que disponibilizam de levar um pouco de luz, para estas crianças, fazem qualquer espaço virar escola inclusiva.  Em 1979 o filme o milagre de Annie Sullivan, a história mostra nitidamente o valor de uma criança com surdocegueira a dedicação de Annie, as regras sociais de uma criança onde não havia esperança de mudança. Era apenas uma prisioneira de um mundo onde a escuridão e o silêncio dominavam todo o seu ser, onde o significante inexistia enquanto tal, onde a precariedade das simbolizações comprometia radicalmente a sua condição de sujeito.
    O caminho que Annie tomou para conseguir fazer a menina relacionar uma palavra soletrada em sua mão, através do tato, com o objeto em si. Esta foi uma excelente ideia. Mesmo sabendo que não seria fácil, pois gigantes obstáculos encontrariam pelo caminho, mas não desistiu! Mesmo sem apoio de alguém que pudesse auxiliá-la, permaneceu firme em seu propósito. Annie dedicou e persistiu na luta por fazer Helen abrir os olhos da alma para poder enxergar a vida com mais clareza e poder entendê-la.
    Helen consegue finalmente compreender que aqueles movimentos em sua mão, que soletram W-A-T-E-R (água) era aquele líquido que ela tão bem conhecia, Ali estava à chave para solucionar o problema. Finalmente Helen teve a grande descoberta: que todas as coisas têm o nome e significado. A vida para Hellen começou a ter sentido.  Anne Sullivan não tinha nada que demonstrasse ser capaz de provocar tamanha mudança na vida de alguém como aconteceu com Helen.
    Olhando para a sua história uma deficiente visual grave, que desde muito cedo passou por provações terríveis. Mas foi altamente preparada pela vida para suportar qualquer desafio. Trazia consigo apenas experiência de uma vida sofrida, e determinação para vencer os obstáculos que viessem à frente para impedir que os seus objetivos que eram desafiadores fossem alcançados.
    O seu desejo era alfabetizar Hellen, uma garota cega e surda, mas como? Não tinha uma sala de aula preparada com todos os equipamentos possíveis, não tinha uma auxiliar. Estava simplesmente sozinha. Mas, por ser uma pessoa determinada venceu tudo e todos para atingir os seus objetivos. O resultado desse trabalho, que desafiou todos os conceitos e preconceitos da época, é que Helen não apenas aprende a “falar”, mas, a partir daí significa e subjetiva toda sua vida, tornando-se uma escritora.  A leitura é algo fantástico! Hellen mesmo sem enxergar, sem ouvir e sem falar. Enxergou a luz através da leitura. E começou de fato a viver.
    Infelizmente, muitas de nossas escolas não assumem o seu verdadeiro papel de escola inclusiva, a criança apenas passa por lá, não fica. Muitas mães saem de porta em porta em busca de uma escola que venha corresponder com as necessidades de seu filho. Quando encontra, já fica na expectativa e tensão acerca das futuras reuniões, e caderninhos de recados, onde reclamações e reclamações partem de gestores, profissionais e professores despreparados para tal função.
    Tocar o coração das pessoas é algo fantástico, principalmente no que refere a uma criança, especialmente uma criança especial, que precisa de carinho, amor, afeto, compreensão, dedicação e respeito.  Não é difícil, às vezes basta um sorriso, um aperto de mão, um oi, ou quem sabe uma atenção maior para que ela possa entender que tem um valor, que é importante para a sociedade, escola e principalmente a família.  Ser especial é ser diferente, mas, porem é esta diferença que traz brilho e riqueza ao mundo e a vida.
    Hoje se fala da possibilidade de inclusão, porém com maior número de pessoas defendendo a separação em salas especiais - ensinos contra turno alternativos ou escolas especiais. É fundamental pensar e refletir na afirmação de Einstein: “É mais fácil quebrar um átomo do que um preconceito”.
    Há escolas que mantém apenas a primeira fase do Ensino fundamental e outras que já iniciam apenas na segunda fase (hoje sexto ano ao nono ano) e isto indica que passados 39 anos após a LDB a sociedade ainda não assimilou o Ensino Fundamental como um curso integrado de 9 anos. Muita coisa mudou, não há mais “Vestibulinho” para passar da primeira fase para a segunda, no entanto quase tudo continua na mesma: professores com ensino médio para a primeira fase, ensino superior para a segunda – professores polivalentes para a primeira e especializada (matemática – português etc.) para a segunda.
    Escolas que não aceitam a aceleração de superdotados em nome de uma “possível imaturidade”, e outras políticas pedagógicas que ainda são matérias de controvérsias e lutas de educadores, alunos e familiares.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

A Gestão Democrático e a Educação Inclusiva


Gestão Escolar não é gerir e administrar o espaço escolar no sentido físico e pedagógico, mas sim prover uma construção do ser através da educação, educar é participar rompendo as barreiras da diversidade transpondo os limites do seu espaço, conduzindo os seus sujeitos para novos rumos, e do produzir e compartilhar. Tendo este ideal propomos uma educação que não é retida pela escola e a sociedade, pois educar é participar dos mundos dos sujeitos que fazem parte da educação, lhes inserindo no universo do saber para que possam intervir no ambiente onde interagem.  

Gerir educação é intervir no espaço social e universo cultural do ser humano, Sacristán contribui nesta perspectiva com a seguinte declaração: “O ser humano é um ser social, por isso é também um ser cultural, e através do exercício dessa condição, aproveita a cultura comunicada entre os indivíduos” (Sacristán, 2002, p.42).  Assim a gestão escolar precisa interagir na cultura e na participação social dos educandos, com um projeto pedagógico participativo que visualiza o coletivo, propondo uma educação onde todos tem sua manifestação pessoal dentro da sua cultura e condição social valorizada; vindo a desenvolver uma gestão democrática, valorizando a cidadania não como uma utopia mas realidade, inserindo nos sujeitos o seu papel popular, no cenário real da vida. Precisamos compreender a democracia além do povo e do governo para irmos além das esferas do poder; assim estaremos entendendo a participação de todos em uma gestão escolar, cada um tem sua importância em sua posição sem deseshierarquizar o espaço escolar, mas sim desesterritorializar.   Pois gestão escolar democrática não cria territórios na escola, mas participa dos movimentos da escola respeitando as ideias de todos, em uma dialética promovedora de uma política que sai do escritórios para os espaços populares e na educação popular tem suas bases propulsoras.

         A política e a educação precisam andar juntas, e tem uma profunda relação, Paro sobre esta relação diz: “A questão da relação entre política e educação escolar, costuma aparecer no âmbito do senso comum, associada a duas posições: Uma que nega a legitimidade ou procedência dessa relação e outra que afirma” (Paro, 2002, p.11).  Vamos refletir um pouco sobre esta declaração de Paro; a posição que nega é a que quer deter o poder em si própria, tendo medo de que suas ideologias sejam frustradas pelas intervenções dos outros. A que afirma e defende esta relação, vê na política uma oportunidade de interferir e construir com suas ideologias os espaços dos outros em suas participações dentro e fora dos muros da escola.