sábado, 22 de janeiro de 2011

ESTÁGIO REALIZADO NA ESCOLA CEIA - criança 4-5 anos

Realizar este estágio foi um privilégio, experiências marcantes, observar as crianças brincando durante as aulas, um meio para estimular aprendizagem, e principalmente na hora do recreio, crianças correndo pra lá e pra cá, sorrindo com muita alegria, aproveitando o máximo aquele período de recreio como se fosse o ultimo. As crianças brincam de cantiga de roda, jogos competitivos, conceitos matemáticos: largura, cumprimento, distancia (perto longe (interação e socialização)). Enfim estou aprendendo com cada criança.
Escolhi esta Instituição porque penso ser uma das melhores escolas de Educação Infantil do Triângulo Mineiro, inclusive minhas três crianças estão tendo a oportunidade brilhante de estudar nesta Instituição de Ensino, os crescimentos deles tem sido notório em todas as áreas. E também a escola fica perto de casa e do meu trabalho.
No decorrer de minhas visitas a escola, presenciei um pouco as necessidades de alguns alunos, pois são carentes e afetuosos e se apegam fácil quando os damos carinho e atenção. Alguns têm pais separados, outros não moram com a mãe, e isso os faz crianças inseguras e necessitadas de proteção.
O ambiente escolar é amplo e essencial às crianças, pois tem seu espaço bem dividido onde podem brincar estudar e se alimentar. Durante esses dias tenho observado a dedicação da professora Marieta ao alfabetizar as crianças é feito de uma forma prazerosa, são utilizados livros adotados pelo sistema Markensi, a educadora deixa claro a importância da utilização de livros em sala de aula: por mais que surgem idéias inovadoras, que fazem as crianças avançarem cada vez mais na aprendizagem, os livros sempre terão seu espaço todo especial. Não simplesmente nas prateleiras das bibliotecas do mundo afora, ou até mesmo na escola, mas nas mãos de todos, não importa a idade, pois na medida que folheamos livros e mais livro independente da idade terá a capacidade de enxergarmos novos caminhos e horizontes sendo abertos ao nosso favor, então o aluno tem acesso aos livros mesmos ainda em fase de alfabetização.
 Também as atividades são feitas dentro da faixa etária, seguindo os conteúdos programáticos para esta fase, o método utilizado é o silábico, utilizando a linha de Paulo Freire, trabalha com o jogo da memória, brincadeiras que envolvem coordenação motora fina, recorte, bolinhas, fio de lã, cordão etc.; Oralidade: Musica poesias, teatro, representação utilizando o corpo. A professora disse pra me enquanto eu estava observando, que nestas fases as crianças necessitam de expressão corporal, oralidade, coordenação motora fina e ampla atividades que envolvem a memorização. Contudo, é importante lembrar que a memorização e a repetição, quando bem orientadas e com objetivos definidos, são muito importantes na aprendizagem. A professora ler estórias vagarosamente para que elas entendem e depois respondam as perguntas no próprio livro, a professora confecciona para os alunos fichas com seus respectivos nomes, em letra cursiva e em letra bastão, para proporcionar o contato deles com as letras de seus nomes e de seus colegas. Com estas fichas são realizadas atividades como: identificar a ficha que contem o nome do colega, contar o numero de letras destacando a letra inicial e a final. Os alunos também são solicitados a escreverem os nomes dos colegas da sala e o deles próprios para que assim se possa avaliar se consegue fazer esta atividade sozinha, assim, a escrita realizada pelas crianças servirá para identificar em qual nível psicogenético (relatado anteriormente) elas se encontram.
            Esttive  freqüentando as aulas diariamente, por isso tive um melhor contato com as crianças, e estou aprendendo muito com elas. Fiquei super emocionada quando uma das crianças me abraçou e disse; tia deixa eu te falar um segredo. Puxou-me perto dela e aos meus ouvidos disse; tia eu queria que você fosse minha mãe. Meu Deus! Naquele momento, fiquei sem palavras apenas beijei sua testa com muito carinho e proteção.
  A professora  me proporcionou a oportunidade de colaborar com ela em todas as atividades, portanto, estive à vontade junto às crianças. Levei  pra casa e pra vida a sinceridade de cada sorriso, abraço, aperto de mão, um lindo presente em forma de um papel amassado e dobrado com um desenho cheio de beijinhos, estas são experiências marcantes que com certeza será de grande valia para a vida toda.
         Conclui este trabalho com bastante satisfação, vivenciei momentos inesquecíveis, que servirão não somente no âmbito profissional, mas pessoal, posso afirmar que seria um privilégio se todos os pais tivessem a oportunidade  de estagiar em uma sala de  aula pelo menos um dia, sua visão de escola seria outro. Certamente não deixaria que a escola carregasse sozinha a responsabilidade de ensinar. Pois o incentivo dos pais aos filhos na hora de folhar as paginas do caderno de atividade de casa é super importante, é um momento mágico, singular que valerá para toda a vida. Pois, para que o processo de ensino e aprendizagem seja um sucesso é preciso uma parceria entre escola e pais.
        Está observando a realidade desta escola e conhecendo seus projetos obtendo uma intensidade a mais com o profissional ali dentro começando pela direção foi um grande desafio para mim, pois não é fácil obter a confiança do dirigente de uma instituição, esta ali presente dentro da escola observando tudo que acontece, foi muitíssimo importante para o meu crescimento como educadora por isso integrar no estágio assim vale muito a pena.  
       Para descrever estes dados, foi preciso muita dedicação e dias de pesquisas sobre fatos reais que foram obtidos através das visitas e entrevistas com todos os funcionários da Instituição, inclusive os construtores, que não mediram esforços em colaborar. Percebe-se que os conteúdos curriculares seguem rigorosamente os conteúdos curriculares do ensino da educação infantil e são trabalhados através dos projetos auaís e a prática pedagógica é cumprida da melhor maneira possível. Enfim, foi gratificante vivenciar, analisar e relatar as dificuldades e facilidades colhidas para a elaboração desse relatório de estágio, tudo isso contribui muito para meu crescimento profissional. Durante todos esses dias de estágio pude notar o desempenho de cada funcionário desde o porteiro até a auxiliar de cozinha o amor e dedicação a cada criança. Realmente esta Instituição  tem o propósito de promover uma base sólida, capaz de encaminhar os alunos na vida, como homens de respeito, cidadãos capazes de se integrar na sociedade, valorizando o outro, bem como, o próprio meio onde convive. E, sobretudo, resgatar nas famílias a importância de uma boa e eficaz educação, centrada na criança, digna e capaz de se perpetuar pôr toda sua vida.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Educação

Lei de Diretrizes e Bases da Educação: novos problemas e novos desafios
Prof. Dr. Eduardo Marques da Silva
O exercício da cidadania no Brasil é muito precário (Vlasman, 1998), se compararmos com os centros mais avançados de nosso planeta. Especialmente nas camadas mais populares de nossa sociedade urbana, que vive hoje o inchaço da explosão demográfica, observamos um total sentido de letargia de nossas escolas, provavelmente alimentadas pelas parcas respostas dos frutos conquistados de seu trabalho. Vivemos em um país que ainda procura sua identidade maior. Pesam de maneira contrária os quase quatro séculos de escravidão emoldurados por uma história longeva de autoritarismo mandonista, simbolizados por um conjunto complexo de famílias nucleares que convivem na mais absoluta diversidade. Não só nossa terra, mas nossa formação social, mesmo a urbana, é de profundos contrastes.
O século XX, o século do não, foi responsável por um forte solavanco socioinstitucional no continente sul-americano que deixou suas marcas entre nós. A velocidade dos acontecimentos, os abalos e mudanças causadas pelos avanços tecnológicos comprometeram toda a nação, alterando-lhe hábitos e costumes. Rapidamente nosso espaço urbano, em um mundo marcado pela crise de paradigmas – especialmente o fracasso do pensamento cartesiano –, apontava claramente para nosso quadro verdadeiramente descompassado diante do dinamismo e modernidade do exterior. O resultado mais calamitoso foi que tínhamos “perdido o bonde da História”.
O advento da robótica associada à informática, suplantando o tão decantado fordismo como modelo de aceleração e eficiência das práticas de produção, anunciava felizes e ao mesmo tempo tristonhas novidades para nosso povo. Traziam mudanças que nos afetariam muito mais do que imaginávamos. Não percebíamos, mas o primeiro mundo nos olhava com profunda desconfiança e desapontadora percepção. No amanhecer da segunda metade do século XX, nossos governantes vivificavam, geralmente de maneira populista, uma megalomania em seus projetos que acarretaria imensos prejuízos para nosso futuro. Parecíamos uma população composta de bilontras e bestializada. Após um curto período de história, o regime declaradamente autoritário se instaurou definitivamente. Os velhos remanescentes da cultura tenentista assumiam o controle de nossa pátria assolada por complexidades múltiplas que vinham desde a sua formação até aqueles dias. A Revolução de 1964 iniciava um governo que, até os dias de seus estertores, promoveu verdadeira evasão de talentos de nosso país. Alguns por questões políticas, outros por razões que até a própria razão desconhece.
Por ser uma ditadura, a população oprimida sentia a força do poder de punição que o Estado sempre fazia questão de ostentar. Por serem militares, os governos dificilmente conseguiam assumir caráter popular em seu perfil e prática de poder. Enfim, vivemos nas universidades, durante o período em questão, a tutela da ordem. Não conseguíamos ser uma ideia de universidade, tampouco uma universidade de ideias. O ensino das sombras e a cultura do medo marcavam as relações entre docentes e discentes, dentro de um ambiente manchado por violência, controle, coerção e ameaças constantes.
Após a Revolução, mergulhamos em um processo frenético de reconstrução que simulava acelerações e freios repentinos nas leis e emendas que objetivavam reencontrar o rumo perdido de nossa academia. O estrago havia sido grande! A educação se encontrava diante de um imenso desafio: a reconstrução ou a construção?
Por tudo isso, insistimos aqui na necessária e urgente tarefa de mapear o que pode ser feito na relação entre a mais recente Lei de Diretrizes e Bases da Educação (9394/96) e a (re)construção da cidadania em nosso país. Sabemos que é, hoje, tarefa necessária e principalmente decisiva para a retomada da construção e do ritmo de continuidade do nosso maior sentido identitário de nação.
Cidadania: Qualidade de cidadão – Qualidade de uma pessoa que possui, em uma determinada comunidade política, o conjunto dos direitos civis e políticos
(Fernandes, Luft, Guimarães, 1993).
Cidadania: Portador de direitos e privilégios individuais, os direitos civis, políticos e sociais
(Abril, 1972).
O conceito de cidadania, tomando por base a Constituição, é muito mais uma cidadania imaginada que constatada. Implica sempre direitos e deveres observados e cumpridos sempre no tempo em que a lei está em vigor. Tomando do ponto de vista do legislador e suas expectativas, fica claro que insiste em afirmar que todos devem ter assegurados os seus direitos, como o da educação.
Temos os excluídos (Perrot, 1991, p. 238), sem direito à posse de terra e alijados da oportunidade de lucro gerado por sua produção. Ao longo dos anos, foram desenhadas novas formas de vida em outros mundos urbanos de nossa geografia social. Nosso país promoveu a configuração de um quadro social de pessoas que já não mais pertencem oficialmente ao mundo dos incluídos. Hernando de Sotto, em O mistério do capital, afirma tratar-se de um fenômeno mundial (2000). Porém notamos que carregam desesperada e insistente permanência: o elo do contato com suas origens culturais. Como denominarmos tal contingente de informais, excluídos etc.? Excluídos se refere ao mundo que os envolve. Algo maior, mais denso, mais nervoso e menos decifrado pela grandeza. Sotto afirma que são pessoas que possuem casa própria, registro em cartório, identidades, mas vivem no desemprego absoluto por mais de oito anos. Famílias inteiras estão envolvidas nesse universo. Compõem universos sociais distintos, universos de cultura distintos e, certamente, escolas e saberes distintos. Hoje, na América do Sul, representam um total de 78% da população urbana (Sotto, 2000). A pergunta que não quer calar é: Vivem de quê? Como se relacionam e qual sua identidade cultural? Praticam o capitalismo ou estão fora dele? Como isso é possível dentro de um Estado puramente e ainda regulacionista, que se diz neoliberal? Hernando de Sotto novamente socorre classificando-os como extralegais. Extralegais? Como? Alguém pode viver assim por muito tempo? O mais aterrador de tudo é que a pesquisa do respeitadíssimo cientista chileno afirma que, somente aqui na América do Sul, possuem e movimentam quase US$ 1 trilhão apenas em suas propriedades (moradias). Como isso se encontra em nossos centros urbanos? Será que somente o Estado do Rio de Janeiro está fora dessa realidade? Como a escola e a universidade se justificariam diante de um quadro tão desafiador? Quem são essas pessoas? Cidadãos ou não-cidadãos? Certamente suas economias subcapitalizadas representariam uma temeridade para o Estado. Trata-se de um caso de polícia e justiça, obviamente. O Estado regulacionista é incapaz de realizar mudanças pela absoluta incapacidade de não mais acertar na sua classificação social. Seu maior pecado foi ter permitido a proliferação da pobreza e da profunda desigualdade social sob a insana alegação ser apenas um resultado do jogo do capitalismo.
Assim, o urbano, o grande centro nervoso de nosso sistema cultural e empresarial, possui no interior de sua grandeza sua fraqueza, uma vez que passa a comportar e compartilhar realidades diversas (Ventura, 2002). Os habitantes de São Paulo e Rio de Janeiro vivem uma estranha ditadura da violência, aprisionados e temerosos. Há, no urbano fluminense tanto quanto no paulistano, um convívio perigoso e conflitivo: a favela é a face da violência explosiva e a violência gravada no defensivismo de seus vizinhos.
O centro urbano convive com uma forma de capitalismo sombrio cujos componentes não possuem expectativas do exercício da cidadania plena. Ter emprego ou trabalho formal faz parte de um quadro em profundas transformações.
Ser cidadão brasileiro, à luz da Lei de Diretrizes e Bases, torna-se um imenso desafio. Diversos profissionais de áreas de trabalho variadas criticam e/ou reclamam de maneira contumaz da má formação educacional dos educandos que formamos.
Em seu primeiro parágrafo do artigo 1º, a LDBEN afirma, sob o título de Educação, que:
Esta lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominantemente por meio do ensino, em instituições próprias.
A lei coloca a escola como responsável direta pela transmissão através do ensino da educação escolar. O que seria essa educação escolar? Qual seu objetivo? Estaria a escola pronta para tal obrigação? Temos muitas dúvidas e indagações. Sabemos que não há condições ideais para a plena execução do desejo que expressa a lei. A lei especifica que a Educação vincula a Escola ao mundo do trabalho e à prática social. Seu segundo artigo diz:
A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o livre desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da sua cidadania e sua qualificação para o trabalho.
A lei imputa o dever da educação a duas instituições com várias facetas, como a família? Qual família (Tort, 2001; Scheinvar, 1998)? A rica, a pobre, ou ainda a família do extralegal? Será que o Estado, sempre através de seus representantes, aprova leis em benefício próprio e deixa escolas e outras instituições sem condição de atendimento de qualidade? Qual o padrão seguir diante do difícil quadro de complexidades sociais em que estamos mergulhados? Temos uma certeza: o exercício da cidadania imporá sempre algumas respostas. Porém, ao observarmos o artigo 3º da LDBEN, notamos princípios que nos parecem, hoje em dia, verdadeiros desafios à educação:
igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; pluralismo de ideias e de concepções ideológicas; respeito à liberdade e apreço à tolerância; coexistência de instituições públicas e particulares; gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; valorização do profissional da educação escolar; gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino; garantia do padrão de qualidade; valorização da experiência extraescolar; vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.
Resta saber de que escola estamos falando: a do desejo ou a da realidade vivenciada. Sabemos que esses princípios de igualdade são praticamente inatingíveis, no quadro que se desenha diante de nós. A civilização capitalista precisa urgentemente de um choque de humanidade através da prática pedagógica diária. Que seja permanente, contínua e garanta efetivamente convívio para a paz. Que não transforme nossos educandos em profissionais obsoletos no mercado de trabalho. Que não os condene ao mais desumano ostracismo funcional. Que permita ao Estado a promoção das garantias de bem-estar e bom viver. Que garanta uma escola nova, moderna, inclusiva. Identificada com nossa realidade cotidiana, no interior do nosso espaço urbano.